Caminhos da sustentabilidade. Reconstruir uma comunidade para reconstruir o meio ambiente.

Caminhos da sustentabilidade. Reconstruir uma comunidade para reconstruir o meio ambiente.

Redescobrir suas próprias raizes, se reapropriar de seu próprio território, proteger o meio ambiente e abrir novos caminhos para um desenvolvimento sustentável do território.

Essa é a história da Vila Laboriaux, na favela da Rocinha, e de um processo participativo, de autoreflexão e de construção collaborativa de um futuro comunitário por meio do turismo.

Vindo lá de baixo, do asfalto, a Vila Laboriaux fica longe, no alto do morro, afastada das ruas cheias de cores, trânsito, comércios, muúsicas e vozes do Largo do Boiadero e da Via Ápia.

Mas a Vila Laboriaux, que parece quase esquecida, distante do centro da vida da Rocinha, – que continua a maior favela da America Latina – na verdade tem o privileégio de ser a porta de entrada para a exuberante e verdejante Floresta da Tijuca. Com os seus 32 km² de Mata Atlantica, um dos ecossistemas mais degradados e fragmentados do Brasil , a Floresta da Tijuca é uma das maiores florestas urbana do mundo. Essa porta de entrada agora tem uma trilha de ecoturismo, primeira etapa de um sonho construido coletivamente pelos residentes.

É no limites entre esses dois mundos favela e floresta, que os moradores comunidade da Vila Laboriaux, com um ajuda inicial de alguns amigos “do asfalto”, conseguiram criar sua própria receita de desenvolvimento local sustentável por meio do turismo. 

De fato, o turismo nunca havia sido pensado coletivamente para os habitantes da Vila Laboriaux, mesmo com o potencial expressivo que lá existe.O turismo de base comunitaria nessa parte do favela surgiu a partir de um amplo processo participativo  cujo objetivo principal era o bem estar da população e a recuperacao ecologica do próprio território degradado. Como chegar lá não estava claro no começo, mas foi descoberto coletivamente ao longo do caminho.

E o turismo de base comunitaria se tornou um dos projetos priorizados pelos proprios moradores e moradoras, o instrumento que a comunidade escolheu para estimular o  desenvolvimento sustentavel local.

O Gabriel Neira Voto -um dos atores que iniciou essa história- nos ajudou a reconstruir com muita dedicação, paixão e detalhes, as etapas da construção desse projeto de ecoTurismo de Base Comunitária numa das maiores areas metropolitanas do Brasil.

A historia aconteceu assim.

A comunidade se reincontra e se reconhece como coletividade que compartilha um sonho comum…

Em 2012 nasce o Movimento Preserva Laboriaux, sem fins lucrativos mas com o claro objetivo de “proteger o capital humano e natural da Vila Laboriaux” e portanto, primeiramente deu-se a re-conexão dos tecidos sociais internos à comunidade. 

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Em seguida, entre 2013 e 2014, por meio de metodologias participativas ), os moradores foram convidado a participar de um diagnostico socioambiental participativo e começaram a se questionar sobre os aspectos positivos e negativos do território. Esse processo fez que eles se reconhecessem como ator coletivo, e sobretudo, como pertencente a um determinado território.

Caminhos da sustentabilidade. Reconstruir uma comunidade para reconstruir o meio ambiente.

A decisão consciente de se reapropriar do proprio território foi, naturalmente, o passo seguinte. 

Os mutirões de limpeza foram um processo importante de acupuntura urbana – organizados com a ajuda da ONG Favela Verde, criada na favela Chapeu Mangueira em 2010 –  justamente para facilitar esse processo de mobilitação. O envolvimento das crianças na escola municipal Abelardo Chacrinha Barbosa, por meio de aulas de Educação ambiental e cidadania e, consequentemente das mulheres, mães e donas de casa, são só alguns dos primeiros sinais visiveis dessa fase do processo que mudou a cara dessa area dessa area tao especial da Rocinha e trouxe esperança em um futuro melhor.

O territorio degradado e tradicionalmente carente de infraestrutura social e saneamento basico, e que desde 2010 estava a risco de rimoção pela prefeitura, veio gradualmente a ser transformado pelas mãos de seus moradores, num processo de crescente valorização do território que viu a criação de hortas comunitárias, vários tipos de iniciativas ambientais e auto-organizadas que transformaram o espaço caixinha com a construção coletiva da praça e de várias iniciativas e espaços sociais como o cineclube, o jardim ecologico, a biblioteca publica e o parque infantil. Mais recentemente, teve a instalação de uma nova estação de compostagem que virou a representar uma nova forma de renda sendo que a parte do composto que não vem usado no local é vendido como fertilizante.

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Um momento crucial nesse processo foi a conexão com os atores externos, especialmente o estabelecimento da parceria com o Parque Nacional da Tijuca (PNT).

Essa parceria, crucial para a comunidade não só do ponto de vista técnico, mas também de informação e importância e potencialidade do territorios. De fato, a Vila Laboriaux é uma das duas favelas consideradas como  areas estratégicas externas no plano de manejo atual do parque, sendo que existem 170  favelas em torno dos limites do Parque.    

Uma vez que a própria identidade e a ligação com o próprio território foram re-estabelecidos, outros parceiros entraram no processo, como a UNIRIO, a UFRJ, assim como outros atores governamentais.  Realmente  fundamentais foram os momentos de encontro com os emprenderores locais e outras experiencias de TBC da cidade do Rio de Janeiro, onde muita informação e idéias foram trocados e compartilhados. Essas ocasiões serviram de inspiração e de referência para a criaçãodo que viria a ser o primeiro grupo de trabalho de turismo de base comunitaria da Rocinha.

Essa rede de conexões com atores diferentes, ajudou a comunidade a entender o que é TBC e, mas importante, qual tipo de TBC eles queriam para a própria comunidade, e consequentemente, como poder moldar a própria oferta de turismo.

Assim como se sabe que o turismo não existe no vazio, assim, o TBC tampouco pode nascer e se desenvolver sozinho. Precisa-se de parceiros que compartilhem seu sonho comum.

O sonho do Laboriaux é o desenvolvimento local do território e a preservação e conservação do meio ambiente, portanto se buscaram parceiros que não só apoiassem a idéia desse sonho, mas também novos parceiros comerciais que pudessem  ajudara aumentar a visibilidade desse sonho. Esses chegaram e contribuiram na construção desse sonho. 

Nos ultimos anos, prêmios e indicações como o Ações Locais em 2015 entregue pela prefeitura do Rio de Janeiro e o prêmio Destaque em sustentabilidade no turismo entregue pela Escola Tecnica de Turismo CIETH em 2017 também contribuiram a aumentar o respeito e o reconhecimento dos resultados alcançados pela comunidade.

Caminhos da sustentabilidade. Reconstruir uma comunidade para reconstruir o meio ambiente.

Estamos hoje festejando uma nova conquista da comunidade, a primeira trilha de ecoturismo na Floresta da Tijuca com começo e fim na Vila Laboriaux está para ser inaugurada, o que sera um marco para a operacionalizacao do projeto.

O manejo da trilha “O Caminho da Represa” -que ocorreu de forma regular ao longo de 2018- está sendo completado e finalmente a primeira trilha estará aberta ao público em breve. 

Caminhos da sustentabilidade. Reconstruir uma comunidade para reconstruir o meio ambiente.

Esse é o primeiro dos Caminhos que vão ser inaugurado e que levarão turistas a visitar a maravilhosa Floresta da Tijuca explorando trilhas novas e admirando visuais únicos e selvagens.

Os moradores, capacitados pelo PNT em cursos como condução de trilhas, manejo de trilhas e observacao de aves estão finalmente prontos para receber novos visitantes e compartilhar com eles seu conhecimento e cuidado que eles têm para a própria terra, finalmente redescoberta.

Cada território normalmente pertence a uma -ou mais- comunidade, por essa simples razão ela é o ator mais indicado para lidar o processo de desenvolvimento, que significa automaticamente cuidar do meio ambiente local.

As vezes o turismo pode ser aquele potente instrumento facilitador do processo, mas o fator chave é -e tem que ser- o processo participativo pelo qual a comunidade constroi –de forma coletiva– a própria oferta de turismo, reflexo de seu sonho e objetivos num específico momento.

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Essa foi a história da Vila Laboriaux e de seu sonho coletivo que está para ser realizado. 

A viagem apenas começou.

COMO CONTRIBUIR

Gostaria de ajudar a comunidade da Vila Laboriaux  com esse sonho coletivo? 

Se quiser se involver como voluntário para dar aulas de inglês, ajudar no manejo de trilhas ou com outras atividades, entre em contato com o Rafael pelo telefone +55 (21) 99699-4310  ou envie um email para [email protected] 

Elisa Spampinato
Elisa Spampinato
Elisa is the Editor of Travindy.Brasil. Community Storyteller and expert in Community-Based Tourism (CBT). Consultant and Researcher in Sustainable Tourism and Local Development.

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